terça-feira, 27 de outubro de 2009

Record diz que crise de credibilidade é responsável por queda de circulação da Folha

A briga entre a Rede Record e o jornal Folha de S.Paulo ganhou mais um capítulo no último fim de semana. Na sexta-feira (23), a emissora exibiu uma reportagem em diversos programas de sua grade, entre eles o "Jornal da Record", com o título "Cai o número de leitores de jornais no Brasil e a Folha de S.Paulo é um dos mais afetados".

Ao citar números do IVC (Instituto Verificador de Circulação) - que mostrou que de janeiro a julho deste ano foram vendidos 4 milhões de exemplares de jornais em média, 4,8% a menos que no mesmo período do ano passado - a Record afirmou que na Folha "a queda foi ainda maior; o jornal vendeu 7% a menos no primeiro semestre".

Além disso, a reportagem cita que em 1998, a tiragem média do jornal era de 513 mil exemplares, ante 299 mil em 2008 - uma diminuição de 41%. Os dados mostram, também, que abril de 2009 foi o pior mês para a Folha, que teve uma queda de 10,84% na circulação.

Como justificativa, a emissora cita a falta de credibilidade de jornal. "Mas no caso da Folha, os números podem refletir também a falta de credibilidade. O jornal foi obrigado a dar explicações constantes nos últimos meses depois de publicar informações que geraram polêmica", informou a reportagem.

Como exmeplo, a Record citou o editorial a Folha, publicado em 17 de fevereiro, que afirmava que a ditadura brasileira foi "branda". A matéria mostrou vítimas e estudiosos da ditadura criticando o jornal. Entre eles, o jornalista Antonio Roberto Espinosa, entrevistado para a reportagem "Grupo de Dilma [Rousseff) planejou sequestro de Delfim Neto", publicada em 5 de abril.

Segundo Espinosa, "quadrilha é a Folha, quem tem comportamento goilpista é a Folha". Um dos dirigentes da Vanguarda Popular Revolucionária na época, ele ainda afirmou à Record que a matéria do jornal era "arbitrária, distorcida, falsa, mentirosa, covarde".

Troca de acusações

No sábado (24), a Folha de S.Paulo rebateu as acusações, com a reportagem "Igreja Universal fez remessa clandestina, diz relatório". O texto afirma que "o Ministério Público Federal tem em seu poder documentos que indicam o uso de uma casa de câmbio chamada Diskline para fazer remessas de pelo menos R$ 17,9 milhões, em valores atualizados, para uma conta bancária em Nova York cuja beneficiária era a Igreja Universal do Reino de Deus", dona da Record.

"Outro relatório federal descreve operações da "offshore" CEC Trading Corporation, aberta em nome do irmão de Edir Macedo, Celso Macedo Bezerra, com a empresa Beacon Hill Service Corporation, fechada em 2003 pelas autoridades dos EUA sob acusação de retransmissão ilegal de fundos", explica a reportagem.

O texto diz ainda que "nos contratos de câmbio recebidos do Banco Central do Brasil há a informação de que a Rádio e Televisão Record S.A. remeteu para o exterior a quantia de US$ 1,2 milhão para a CEC Trading Corporation, na mesma conta que recebeu recursos de doleiros da Beacon Hill, qual seja, a conta nº 3871339802, mantida no Barnett Bank da Flórida', diz relatório da Procuradoria-Geral da República de outubro de 2005".

Em e-mail enviado à Folha, a Record confirmou uma transação comercial com a CEC Trading. "A Rádio e Televisão Record S/A não efetivou conforme o narrado acima [em perguntas enviadas pela Folha]. As transferências de valores que existiram à CEC Trading Corporation foram devidamente registradas através do Banco Central, referente ao pagamento de importação de equipamentos para o exercício de sua atividade", afirmou

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